Vamos interromper um pouco a leitura d’A Metamorfose, passei a tarde com a imagem duma barata gigante na cabeça e acabo de trocá-la pela imagem da inocência da minha vó chorando...
Digo inocência, porque ela tá indo embora e veio aqui se despedir de mim, e me disse pra tirar de dentro do quarto um pedaço de espelho quebrado que eu tenho (pedaço suficientemente grande para não ser jogado fora, e que permanece ali enquanto eu digo que vou dar um jeito nele).
Disse que ter espelho quebrado não presta, dá azar. Óbvio que eu não ponho a culpa de nada do que ta acontecendo no meu pedaço de espelho. Mas ela falou isso e encheu o olho de água... “Não precisa chorar, vó...”.
Eu vou dar um jeito no espelho. Não vai mudar em nada, mas não vai me custar fazer o que ela pediu. Vou dar um jeito nele e vou dizer isso pra ela, pra ela acreditar que de agora em diante tudo vai se ajeitar, mesmo que acredite nisso pelo fato de eu não ter mais um espelho quebrado dentro do quarto.
Espelho quebrado ou não, eu vi fé demais na inocência refletida na lágrima daquele olho azul...
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